domingo, 14 de novembro de 2010

Cinco sentidos

A minha pele se ressente da ausência do seu toque,
Do roçar dos dedos que a provoque e atormente...
Pede pelo seu calor, para aquecê-la em noite fria
Quer a carícia que arrepia antes do ato de amor...

O meu olhar se nega a perceber outro sorriso
Que não seja o seu - tão claro e tão preciso que me cega...
Busca por sua luz para iluminar o meu semblante
Quer o instante em que o brilho dos seus olhos me seduz...

A minha boca se esquece de qualquer que seja o gosto
Que não o do seu rosto, dos seus lábios. Numa prece,
Roga por saciar a fome desesperadora que a invade
Quer que nunca seja tarde para aplacar essa sede de você, que me consome...

O meu olfato se resume a perceber seu cheiro doce
Mesmo que fosse a última vez em que sentisse seu perfume...
Indica o caminho para que eu siga seus passos
Quer seus abraços, que me envolva em seu carinho...

Os meus ouvidos se confundem com o som da sua voz:
Ora a sós, ora nós... Você enlouquece meus sentidos!
Clamo por uma palavra sua, que leve a solidão embora do meu peito
Quero o final feliz, perfeito - estar ao lado de quem amo...

sábado, 6 de novembro de 2010

Tudo

Tudo o que eu canto
É o começo e o final da história
É a esperança jogada e o pranto
É a batalha e o sabor da vitória!

Tudo o que eu falo
Eu só falo porque tenho medo
Eu só falo porque é segredo
Eu só falo porque não me calo.

Tudo o que eu digo
Tem a fé de um pobre coitado
Tem a fúria de um grande inimigo
Tem a dor de quem é mal amado...

Tudo o que eu escrevo
Vem com a força da fonte que brota
Vem com a sorte plantada no trevo
Vem com o som de uma última nota...

Tudo o que eu canto, espanto
Tudo o que eu falo, estalo
Tudo o que eu digo, ligo
Tudo o que eu escrevo, fervo...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sem escrever

Sem escrever
Fica a pergunta sem resposta, o adeus sem dor,
O beijo sem calor, o jogo sem aposta,
O fogo sem arder, o eu sem você...

Sem escrever
Não sei dizer o que preciso, o que é tão claro e tão conciso na palavra!
Como o olhar feliz daquele que nos é tão caro,
Como o suor que escorre daquele que lavra o nosso raro pão,
Como o calar doído daquele coração, em que reparo as batidas:
Silabando as despedidas,
Fraseando as idas,
Palavreando as vidas...

Sem escrever
O mundo perde o colorido, o barco perde o rumo,
A construção perde o seu prumo, o divertido perde a graça,
A massa perde a consistência, e desanda,
A razão não manda, e eu perco a consciência...

Sem escrever
Fico vazia feito sala de cinema, em plena segunda-feira,
Fico tristonha feito a lua, quando dela só se vê metade, já não está inteira,
Fico calada feito menina, que virou mulher na sua vez primeira...

Sem escrever
Quem sou eu?
O que é você?...