sábado, 27 de junho de 2015

Nem me fale... (3º lugar - Concurso de Poesias do Clube dos Funcionários - 2015)

Nem me fale...

Nem me fale...
Nem me lembre dos abraços, porque seus braços não estão ao meu redor
Nem me diga da saudade, porque, a cada dia, ela é maior
Nem me escreva dos momentos, porque aqueles sei de cor...

Nem me fale...
Nem me convide a viajar tocando as nuvens com você
Nem me leve pelo ar, mostrando o mundo que de lá se vê
Nem me deixe atordoar pela palavra ousada que me dê...

Nem me fale...
Nem me enlace outra vez com o corpo em que eu amanheci
Nem me beije a tez com o carinho que eu reconheci
Nem me faça o que já fez, com o toque pelo qual enlouqueci...

Nem me fale...
Porque falar não me protege da memória
Porque falar não reescreve nossa história
Porque falar não faz vencer a luta inglória
Que se trava no meu peito, porque o que eu quero...

Nem me fale.

Papel em branco (5º lugar - Concurso de Poesias do Clube dos Funcionários - 2015)

Papel em branco


De rubra tinta, pinta o amor perfeito
No ton sur ton, descobre-se em meu leito
Tinge, em meu peito, a bela cor carmim.

Revela seu sabor, em nuances sutis
E emoldura, a expor romances gris,
Já desbotados, neste quadro, enfim...

Mistura, em tela, beijos sem razão
E, na aquarela do seu coração,
Corre o pincel, a desenhar o fim.

Assim, a solidão é o branco mais cruel
Pois se não há arco-íris neste céu

Virgem papel, o que será de mim?