domingo, 6 de junho de 2010

Doce saudade (2º lugar - SME/VR - 2002)

Quem disse que a saudade é doce, não conhece o gosto
Salgado das lágrimas que pelo rosto correm, solitárias
Amargo das decepções que enchem a mente, várias
Acre das dores que vão no peito. Párias
São aqueles que tomam por mel este azedume
Que tira o lume dos olhares, que separa os pares,
Que escurece as cores, que adormece os amores...

Quem disse que a saudade é doce, enganou-se!
Ela dói, feito uma ferida aberta, não tem cura
Ela destrói, feito o tempo, vagaroso, na clausura
Ela corrói, feito ácido na pele, e desfigura
O sorriso que dançava no semblante
O corpo do amante, que vibrava
O sonho que, adiante, vislumbrava
A tal felicidade, a todo instante...

Quem disse que a saudade é doce, beba
Do seu próprio veneno uma taça! Só assim
Verá como o mundo torna-se pequeno
E como a vida, sem o outro, perde a graça...

Nenhum comentário:

Postar um comentário